Neste ano de 2020, em meio às incertezas que envolveram toda a sociedade e especialmente o fazer pedagógico, as comunidades educativas estão se reinventando de formas múltiplas para atender todo um coletivo de indivíduos.
É um desafio e tanto, uma vez que a escola pública vive dilemas que refletem a diversidade social. Pensando em criar uma atividade extra para dar voz aos alunos houve, nas turmas de Ensino Médio da Escola Estadual Coronel Xavier Chaves, um concurso de poesia, no qual os estudantes foram convidados a responder: O que o jovem tem a nos dizer durante a pandemia? O resultado, claro, foi impactante. Os prêmios foram doados pelos profissionais da escola e pelo padre do município que soube do concurso e quis contribuir. A aluna vencedora foi Sophia Enone Assunção, do Segundo ano, com o poema: Paisagem paralisada, uma pintura. Parabéns a todos os envolvidos, especialmente aos alunos que participaram!
"Paisagem paralisada, uma pintura.
Os olhos nublados de nostalgia,
um coração preso em angústia.
A hora que pisa sapateando,
engaiola qualquer liberdade.
Perpassa por entre as grades,
esboços de dias, de saudade.
Salientam a aura dessa gaiola,
crepúsculos laranjas:
uniformes de rotina e hora.
Salas de visitas vazias,
monólogos da insônia acordados
pintando um cenário só,
que Hopper um dia imaginaria.
Um ano quebrado pelo pisoteio circular
valsando, de um cômodo a outro,
sem nunca parar.
Acordada em ansiedade que devora o âmago,
como quem devora a paisagem,
de um segundo de quarenta anos.
As manhãs começam tarde.
A máscara encara o espelho,
como um falso sorriso encara o dia
e o medo abraça o desespero.
E da mesma janela,
aquele tanto de aba aberta,
tentando me alertar!
Que do lado de fora dessa bolha
tem um reflexo de ânsia
pra esse dia terminar!
E é aqui… nesse interior sem beiral,
sem plataforma ou degrau,
que eu vejo de fora o mundo,
organizando o próprio funeral.
Sem leitos, visitas ou arranjos.
Apenas o mesmo quadro
os mesmos gráficos,
o mesmo cárcere final."
Os olhos nublados de nostalgia,
um coração preso em angústia.
A hora que pisa sapateando,
engaiola qualquer liberdade.
Perpassa por entre as grades,
esboços de dias, de saudade.
Salientam a aura dessa gaiola,
crepúsculos laranjas:
uniformes de rotina e hora.
Salas de visitas vazias,
monólogos da insônia acordados
pintando um cenário só,
que Hopper um dia imaginaria.
Um ano quebrado pelo pisoteio circular
valsando, de um cômodo a outro,
sem nunca parar.
Acordada em ansiedade que devora o âmago,
como quem devora a paisagem,
de um segundo de quarenta anos.
As manhãs começam tarde.
A máscara encara o espelho,
como um falso sorriso encara o dia
e o medo abraça o desespero.
E da mesma janela,
aquele tanto de aba aberta,
tentando me alertar!
Que do lado de fora dessa bolha
tem um reflexo de ânsia
pra esse dia terminar!
E é aqui… nesse interior sem beiral,
sem plataforma ou degrau,
que eu vejo de fora o mundo,
organizando o próprio funeral.
Sem leitos, visitas ou arranjos.
Apenas o mesmo quadro
os mesmos gráficos,
o mesmo cárcere final."
Por: Roberta Mara Resende.
